O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta segunda-feira, 14 de abril, da inauguração do novo campus da Universidade Federal Fluminense, em Campos dos Goytacazes (UFF Campos), no Rio de Janeiro. Os recursos do Governo Federal nas novas instalações somam R$ 72,4 milhões. A cerimônia também teve anúncios de novos investimentos para a educação no estado. Uma das reivindicações dos estudantes também sairá do papel: a licitação para o bandeijão foi autorizada pelo presidente, como informou o ministro da Educação Camilo Santana.
A cerimônia contou com diversas autoridades, entre ministros, deputados, vereadores e prefeitos, entre eles o de Campos, Wladimir Garotinho. Quando era deputado federal, Wladimir, ao lado dos colegas de bancada, foi autor da emenda que possibilitou R$ 40 milhões para a construção do prédio. Mas nem isso salvou o prefeito das vaias. De partido da direita, o PP, Wladimir teve que enfrentar vaias cada vez que seu nome era citado.
Mas foi “defendido” por Lula. O presidente lembrou que, institucionalmente, os dois estavam lá em função dos cargos.
“É importante que a gente aprenda uma lição de vida. Quando chegar a época das eleições a gente vai colocar o que a gente pensa do outro na rua, Mas aqui não. Aqui minha função é de presidente da República. Ele a de prefeito e a gente tem que se dar perfeitamente bem”, disse, como mostrou o Blog da Suzy.
Lula defendeu, também, a educação como principal instrumento de mudança de vida:
“Quando eu venho visitar um prédio desses, que vai servir de sala de aula para milhares de jovens estudarem daqui para frente, eu não poderia dizer outra coisa, senão que a sala de aula do ensino fundamental, do ensino médio, do instituto e da universidade, não deixa de ser uma sala de sonhos. É ali que a gente sonha em aprender, em melhorar a vida da nossa família, em arrumar um emprego melhor e por esse emprego ganhar um salário melhor”, destacou Lula.
A sala de aula do ensino fundamental, do ensino médio, do instituto e da universidade, não deixa de ser uma sala de sonhos. É ali que a gente sonha em aprender, em melhorar a vida da nossa família, em arrumar um emprego melhor e por esse emprego ganhar um salário melhor
Luiz Inácio Lula da Silva,
Presidente da República
Em seu discurso, o presidente lembrou que a primeira universidade federal do Brasil só foi criada em 1920, enquanto o Peru, país vizinho, fundou a sua primeira em 1551. Ele também ressaltou os avanços que promoveu na educação nacional. “Isso significa que a elite que ocupou esse país a partir de Portugal só imaginava que a gente fosse cortador de cana. Não imaginava que a gente fosse ser outra coisa nesse país. Precisou um torneiro mecânico, sem diploma universitário, governar esse país para ser o presidente que mais fez universidades na história desse país e que mais fez institutos”, afirmou.
CURSINHOS POPULARES — Um dos anúncios do evento foi a publicação de edital de chamada pública para oferta da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O programa vai apoiar cursinhos de todo o Brasil, com R$ 99 milhões em investimentos até 2027, além de promover o pagamento de R$ 200 mensais a alunos que desejam se preparar para ingressar no ensino superior pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares.
“Os alunos dos cursinhos populares vão receber R$ 200 por mês para garantir a permanência, fora o apoio de material didático e de pagamento de professores. Neste ano, serão 130 turmas e o edital será publicado hoje no Diário Oficial da União”, destacou o ministro Camilo Santana (Educação).
Apenas em 2025, serão investidos R$ 24,8 milhões no programa, beneficiando 5.200 estudantes. A CPOP prevê um apoio de até R$ 230 mil por cursinho, que abrange auxílio financeiro para a contratação de coordenadores e professores; e apoio para atividades técnicas e administrativas. Também está prevista a formação de gestores e professores voltados ao Enem e a disponibilização gratuita de materiais pedagógicos.
NOVO CAMPUS — A nova sede da UFF representa uma conquista da comunidade acadêmica local, com a interiorização do ensino e democratização do conhecimento. O campus é orientado para a inclusão das juventudes da periferia e para a promoção do desenvolvimento social e científico do interior fluminense. Com mais de 40 salas amplas e modernas, 13 laboratórios, biblioteca, auditório, espaços administrativos, gabinetes de pesquisa e ensino, o campus foi projetado para atender às necessidades de estudantes, pesquisadores e comunidade acadêmica.
A estudante da UFF Aline Esteves celebrou a conquista da nova sede e agradeceu ao presidente pelos investimentos feitos na educação. “Antes, nós estudávamos em contêineres e agora temos toda essa estrutura. Senhor presidente, eu me sinto imensamente honrada em poder estar aqui te agradecendo pessoalmente em meu nome e em nome de todos os meus colegas por tudo o que o senhor tem feito, mas principalmente por acreditar na educação. A educação é instrumento de mudança e alinhamento para nortear o futuro dos jovens desse país”, enfatizou a aluna, durante a cerimônia.
AVANÇOS — O novo campus conta com o dobro da estrutura anterior. Desde 2016, o campus vinha funcionando em contêineres alugados, dois prédios complementares também alugados e uma unidade própria da universidade. A configuração emergencial, embora tenha garantido a continuidade das atividades, apresentava limitações físicas e pedagógicas e gerou, ao longo dos anos, um custo aproximado de R$ 24 milhões aos cofres públicos.
HISTÓRICO — Em 2009, no segundo mandato do presidente Lula, o Governo Federal cedeu à UFF o terreno, viabilizado pelo Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Por meio do programa, foram destinados R$ 31,4 milhões na expansão da educação superior pública. Em 2012, a construção dos prédios do novo campus foi paralisada por falta de recursos. Já em 2020, houve uma retomada de obras após articulação entre o gabinete da reitoria da UFF, a comunidade acadêmica e parlamentares da bancada do Rio de Janeiro. Assim, entre 2020 e 2022, foram destinados R$ 41 milhões à instituição, por emendas parlamentares. Somado aos recursos do Reuni, o investimento total foi de R$ 72,4 milhões.
“Foi somente com o programa Reuni, em seu governo, presidente Lula, que o sonho de ampliação de cursos se tornou realidade. E a interiorização e a democratização do ensino superior se concretizou. Espero que este campus se consolide como espaço vivo de aprendizado, diálogo, debate e produção de conhecimento. E que dele possam brotar ideias, encontros e a construção de um futuro melhor para todos e todas”, disse a diretora da UFF em Campos dos Goytacazes, Ana Maria da Costa.
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA — Durante o evento, também foi assinada a ordem de serviço para construção do novo campus do Instituto Federal Fluminense (IFF), em Magé, no valor de R$ 14,1 milhões. Outros R$ 10 milhões estão previstos para aquisição de equipamentos e mobiliário da nova unidade. Já para a ação de consolidação do IFF, com investimento nas unidades existentes, há um investimento previsto pelo Novo PAC de R$ 13,4 milhões, no período 2023 a 2026. Deste total, já foram repassados R$ 10,5 milhões, contemplando quatro novos restaurantes estudantis, entre outras obras.
NOVO PAC — Seis obras do Novo PAC na educação básica foram autorizadas, no valor de R$ 46,5 milhões (três creches e escolas de educação infantil, e três escolas de tempo integral), nos municípios de Comendador Levy Gasparian, Itaperuna, Mendes, Rio das Flores, São Gonçalo e Volta Redonda. Para o estado do Rio de Janeiro, há 61 novas obras do Novo PAC previstas no total, com um investimento de R$ 508,5 milhões, sendo: 31 escolas em tempo integral – 30 delas, creches da educação infantil –, 25 escolas de tempo integral da rede municipal e seis escolas de tempo integral da rede estadual. Em relação à aquisição de ônibus escolares para o Caminho da Escola, há um investimento previsto de R$ 14,4 milhões em 27 veículos. Destes, 11 já foram entregues e outros 16 serão disponibilizados ainda este ano.
SUPERIOR — Além de ter recebido o novo campus, a UFF também terá investimentos de consolidação por meio de sete obras com o Novo PAC, totalizando R$ 37,5 milhões. Em Niterói, serão construídas salas de aula do campus Praia Vermelha, em um investimento de R$ 20 milhões. Em Volta Redonda, haverá obra para moradia estudantil (R$ 5,5 milhões) e salas de aula com restaurante universitário (R$ 4,5 milhões). A cidade de Rio das Ostras receberá salas de aula com restaurante universitário, com investimento de R$ 4,5 milhões. Já os campi Angra dos Reis, Santo Antônio de Pádua e Campos dos Goytacazes receberão investimentos de R$ 1 milhão, cada, para a construção de complexo esportivo e cultural.
RETOMADA — A cerimônia também foi marcada pela aprovação para a retomada de 23 obras paralisadas na educação básica. Foram assinados termos de aprovação das obras, em uma ação que integra o Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica. Das 23 obras, todas elas são da rede municipal e cinco são de Campos dos Goytacazes. As obras estão localizadas em mais 13 municípios: Araruama, Bom Jardim, Cabo Frio, Conceição de Macabu, Italva, Itaperuna, Itatiaia, Porto Real, Rio Bonito, Rio de Janeiro, São José do Vale do Rio Preto, Silva Jardim e Vassouras. O investimento total estimado é de R$ 40,9 milhões.
PARTIU IF — A agenda ainda contemplou vagas do Partiu IF, o Programa Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades para acesso de estudantes da rede pública de ensino à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. No Rio de Janeiro, três instituições já aderiram ao programa: o Instituto Federal do Rio de Janeiro, com 18 turmas e 720 estudantes beneficiados; o Instituto Federal Fluminense, com 13 turmas e 520 estudantes beneficiados; e o Colégio Pedro II, com 14 turmas e 560 estudantes beneficiados, com um total de 1.800 beneficiados no estado. O investimento aplicado na política será de R$ 7,2 milhões.
PROJOVEM — Além disso, no ato em Campos dos Goytacazes, foi anunciada a autorização da abertura de vagas para o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem). Serão R$ 6,4 milhões investidos, entre valores de custeio e de bolsas de R$ 100 mensais para estudantes. No total, serão 860 beneficiados nos municípios de Magé (campo e urbano), Belford Roxo, Guapimirim e Volta Redonda. O Projovem tem como objetivo garantir a formação básica de jovens entre 18 e 29 anos que não concluíram o ensino fundamental e desejam completar os estudos.